preocupações de saúde

senti uma forte dor na carteira.

dúvida

o que faz, ao certo, um solicitador? solicita?

facto

quando uma pessoa está ligeiramente constipada, se calhar a melhor forma de ultrapassar isso não é apanhar uma molha das grandes.

mas os amigos servem para as ocasiões, não é Emanuel?

factos

uma televisão sem antena é inútil.
um leitor de dvds sem os ditos também o é.

o fim do verão

a melhor coisa do fim do verão é voltarem a vender-se ovos kinder.

m.

às vezes acho que m. existe. às vezes acho que m. não existe. e ainda não sei se quero que m. exista ou não. um dia disse que m. era uma rapariga surrealista. agora já não sei se sou eu o surrealista e ela é fruto apenas dos meus sonhos.

sei que m. é diferente de toda a gente. é especial e não é deste mundo. e com m. não faz sentido falar de coisas banais. não sei se sei falar com m.

à noite

há noites como esta, em que não quero dormir mesmo com sono. olho as paredes brancas e apetece-me poesia. leio-a e nada me diz. às vezes escrevo-a e nada é capaz de dizer. chego agora à conclusão que não me apetece ler poesia. chego agora à conclusão que não quero escrever poesia. chego agora à conclusão que, nestas noites cheias deste mal-estar que não é insónia, apetece-me ser poesia. ainda não sei como isso se consegue. talvez um dia descubra e tudo isto perca a graça e então quererei dormir mesmo sem sono. até lá vou abusando do "e" e vou olhando as paredes.

sem título e sentido

andei horas a vasculhar livros antigos, cheios de pó, para averiguar a veracidade do que a seguir vou revelar: consta que o inventor do dito nem que chovessem canivetes não fez mais do que plagiar o dito de outra pessoa - nem que chovessem navalhas - que tinha como único problema o facto das pessoas confundirem as navalhas com o marisco homónimo. consta também que o verdadeiro inventor do dito que nos permite sublinhar o impossível de uma hipótese, morreu com cirrose devido a inúmeras bebedeiras. essas bebedeiras mais não eram que a tentativa de matar a frustração de ver outro com louros que, por direito, deviam ser seus.

sentido de orientação (parte 2)

o cúmulo do embaraço, para quem como eu não tem sentido de orientação, é estar no bairro alto a olhar para os nomes das ruas e aparecerem dois estrangeiros a perguntar, em inglês, se preciso de ajuda.

sentido de orientação (parte 1)

gostava de perceber porque é que sempre que estou em lisboa, numa zona onde o meu sentido de orientação simplesmente não existe, vêm duas ou três pessoas perguntar como é que se vai para aquele sítio.

às vezes até parece que tenho sex-appeal

há dias em que todas as miúdas olham para mim e sorriem, deixando-me a pensar que possuo um sex-appeal fora do normal.

depois olho para a t-shirt e lembro-me: ah! tenho esta t-shirt vestida. e vai-se a ilusão.

(é uma t-shirt preta com a palavra "fuck" repetida diversas vezes.)

caridade

hoje no autocarro uma miúda bem bonita jogou os seus cabelos de encontro ao meu ombro. por caridade, senti que não merecia tal gesto um tanto ou quanto sensual, afinal há quem necessite mais do que eu, não é Gonçalo?

a metafísica pela manhã

durante vinte anos odiei Setúbal. a sua pobreza cultural fazia-me azia e ainda não sabia apreciar o azul, o do mar e o do céu. há dois anos, sem saber bem como, comecei a amar Setúbal. comecei apreciar o rio e a vista que tinha de minha casa. a cidade ali em baixo, mesmo pobre, dava-me um conforto inexplicável. agora que vivo nos subúrbios de Lisboa percebo melhor a vidinha triste desta gente (a que agora pertenço). espreito pela janela e vejo prédios. ando pela rua e vejo prédios. meto-me no autocarro, passeio trinta minutos e vejo prédios. não há uma nesga de Sado a espreitar-me. não há um pedaço de Arrábida a sorrir para mim. isso explica a falta de horizontes das pessoas. só vêem prédios. foda-se.

ao cuidado das minhas irmãs

sinto saudades do vosso ruído. ligo a música para vos substituir mas não mata a saudade. mesmo quando olho as colunas e resmungo: vocês são pior có deus me livre!

sobrancelha com homem pequeno e rezingão

no autocarro um senhor com umas sobrancelhas muito grossas e farfalhudas (o dobro das do Martin Scorsese) praguejava contra os funcionários públicos e deu vivas ao Salazar. quis acreditar que eram as sobrancelhas que não o deixavam ver a realidade.

dúvidas de uma mãe desactualizada

a minha mãe perguntou-me: de que é que falam duas pessoas que se namoraram?

eu respondi: o mesmo que duas pessoas que não se namoraram.

será bom ou mau?

estava eu a ouvir o primeiro disco do grande chico buarque de hollanda, de 1966, quando entra o meu pai no quarto e me pergunta o que estou a ouvir. depois de lhe ter dito, disse-me ele: isso estava na moda era quando eu tinha nove anos.

será que me acha um gajo culto com bom gosto musical ou um extra-terrestre?

post número sessenta e nove

o sessenta e nove é um número sobrevalorizado.

dois versos de amor pela minha veia romantico-depressiva adolescente ou como fazer um post de merda com um fundo de verdade

quando vejo s.
todo o meu corpo estremece

pragmatismo

é um cego que vai à papelaria comprar a visão.

ainda as arrumações

peço desculpa por insistir neste tema, mas não consigo conter a frustração. um gajo tem os livros já todos arrumados, existe uma ordem estabelecida mais ou menos lógica e não existe mais espaço nas prateleiras. e de repente encontramos um saco onde estão dois livrinhos minúsculos. ridículos de tão minúsculos. estão a gozar comigo! só pode! ao menos que fossem dois calhamaços. mas não, dois livros pequeníssimos e eu sem espaço para eles. merda.

modéstia

queria agradecer a todos os jogadores de futebol que hoje enviaram as bolas ao poste. modéstia à parte, tenho a certeza que foram enviadas aos posts do deus é um astronauta.

seguir a corrente

às vezes acho que a vida seria mais fácil se eu gostasse mais do assobio do bob sinclar e menos do do andrew bird.

a queda de um mito

houve, em tempos, uma papelaria bué da fixe (era mesmo este o nome) aqui no meu novo bairro. não resistiu à concorrência d'a preguiça, o que se revela muito irónico.

os livros dão dores de cabeça

olhar para os livros todos arrumadinhos nas estantes, é agradável. arrumá-los todos nas estantes, tentando manter uma ordem lógica, é uma dor de cabeça.

déjà vu

hoje comprei um reles caderno azul. quero escrever nele um romance despretensioso, com algum humor e pouca história. isto seria um plano digno de ser louvado não fosse eu já ter comprado 232342 cadernos para começar 232341 romances (comprei dois cadernos para o mesmo romance).

chega

o meu colega de blog é, como diria o Luís Filipe Menezes sobre o Marques Mendes, um pequeno ditador (ou foi tirano? olha, não sei). chamou-me à atenção de uma possível conotação racista num post meu, exigindo-me que o apagasse (esta última parte é meramente ficção). agora diz-me que o meu último post tem o seu quê de sotaque brasileiro, como se isso fosse uma coisa menor e censurável. para umas coisas o racismo é feio, para outras já se aplica o xenofobismo. decida-se, senhor Gonçalo.

foge, foge

perto da minha nova casa tem uma papelaria que se chama a preguiça. isto é perseguição.

ainda as exclamações começadas por f

o segundo pensamento é: foda-se! quando é que vou ter tempo de ler isto tudo?

onde cabem duzentos livros, cabem duzentos e um

em tempos de limpeza a fundo da casa, o recheio do meu quarto foi todo temporariamente transferido para a sala.

olho para as pilhas e pilhas de livros e só consigo pensar: foda-se! como é que isto cabe tudo no meu quarto?

na senda de narciso

acontece invariavelmente quando me olho ao espelho. acho-me o gajo mais atraente, mais cool, mais sexy do mundo.

só não percebo o que se passa com o resto da humanidade, que parece passar ao lado deste facto.

interacção com os visitantes

houve um visitante que aqui chegou com a seguinte pesquisa: como combater a preguiça. mostro a solidariedade com este visitante e a ele digo:
- estamos juntos.

post com um palavrão e pensamento político

ao ver o debate entre os porta-vozes das candidaturas à liderança do psd, só um pensamento me ocorreu:
- foda-se! é a esta gente que estamos que entregues.

a origem das coisas

consta que quando o jogador deco teve o convite para vir a Portugal treinar à experiência no SLB, o seu empresário lhe disse:
- Deco, pró teste!
frase que mais tarde deu nome a uma revista da associação de defesa dos consumidores.

considerações matemáticas de um gajo de letras

se um é singular (um homem) e zero é plural (zero homens), logo: zero é maior que um.

balanço do primeiro dia de aulas

ora bem. cheguei uma hora mais tarde à faculdade, pelo que perdi a primeira aula. esperei cinco horas pela segunda e última aula do dia. quando fui para lá, descobri que a aula tinha começado há uma hora. ainda apanhei os últimos dez minutos. portanto, resumindo, quase seis horas na escola, dez minutos de aula.

sem sombra de dúvidas, este ano é que é!

questões metafísicas em edições de bolso

na estação de entrecampos, enquanto penso na vida piquinina da gorda sentada a meu lado, vejo um prédio que diz mirage e, ao cabo de tanto pensar na gorda, fico confuso e pergunto-me se não será o prédio uma efectiva miragem, se a gorda não será uma miragem e se eu próprio não sou mais que uma miragem. o comboio chega, levanto-me, pesado com tanta metafísica (e dois pratos de feijoada do dia d'ontem), na minha cabeça fica tudo mais claro e só penso em não apanhar os fiscais.

a/c diogo duarte

pedimos desculpa pelo facto de o nosso sismógrafo detectar apenas abalos tão ridículos que só nós próprios os sentimos.

adenda ao post anterior

aquilo até podia ser uma coisa positiva. o que estraga a pintura é não se interessarem por mim as raparigas que me interessam e não me interessar eu pelas que se interessam por mim.

problemas cardíacos

isto de um gajo sair de casa, nem sempre é boa ideia. já me apaixonei três vezes no comboio e duas na faculdade.

um bom começo

desde as onze horas na faculdade, à espera de uma aula às dezasseis. (isto partindo do princípio que esta aula vai mesmo ser dada.)

depois não querem que o entusiasmo de uma pessoa se esfume.

lembrete para mim próprio

quando queremos começar bem o ano lectivo, cheios de saúde e energia, não é boa ideia comer torta com doce de ovos ao pequeno almoço.

uma questão académica

tenho pena que na faculdade seja matar ou praxar. gostava de ter mais alternativas.

estar onde é preciso

ainda acerca dos nossos visitantes, descobrimos que fomos visitados por pessoas de Gondomar e de Felgueiras.

estamos, portanto, na rota do sucesso.

mentalização

neste regresso às aulas reparo que no primeiro semestre entro quatro dias às oito da manhã e no segundo semestre apenas duas. como diriam os madredeus: oxalá o carnaval aconteça depressa, acrescento eu.

regresso às aulas

amanhã começa mais um ano na faculdade. a parte boa é que estou cheio de vontade de começar. a parte má é que sei que isto amanhã passa.

sugestão

todos sabemos como as capas dos jornais desportivos são poesias. deixo aqui uma singela sugestão para uma futura capa, imaginando que o jogador do FCP Fucile marca um golo de fora da área:

Fucilou!

conversa com visitantes

segundo o contador de visitas que temos no blog, recebemos uma visita de Boliqueime. é a essa visita que me passo a dirigir:
senhor presidente, como está?

os clássicos e os vícios de linguagem

Gregório. - Quem se move tipo anda; quem é valente tipo está firme; de modo que tipo se te moves tipo foges.
[...]
Sansão. - É verdade; por isso as mulheres tipo que são vasos fracos tipo se levam sempre à parede; pois arrancarei daí os homens e lançarei para lá as raparigas.
Gregório. - A contenda é entre os nossos amos e entre nós tipo seus criados.

excerto tipo actualizado aos nossos dias tipo de Romeu e Julieta de Shakespeare.

conversas virtuais

em conversa virtual com uma amiga, pergunta-me ela: "consegues ler o que eu escrevo?"

felizmente, desde pequenino que possuo essa capacidade.

prémio nobel

será este ano que eles vão laurear a pevide?

deixa estar, não mexas mais

hoje imaginei um grande romance que começaria assim: "era uma vez um grisalho de cabelo velho..."
mandou-me a prudência deixá-lo apenas assim, seria difícil superar a genialidade da frase inicial.

conselhos úteis

não gosto de ir a livrarias. há sempre um ou dez livros que me apetece trazer.

mas como eu sou uma pessoa sensata e que ouve os conselhos dos mais velhos, faço como diz o josé carlos malato:

na dúvida, compro!

frustrações

torna-se frustrante quando eu digo "nós" e me respondem começando com "eu".

o meu sobrinho

tem cinco anos e perguntou-me há pouco: "queres que eu te corte ao meio com uma navalha?"

pelo sim pelo não, disse-lhe que não estava interessado.

brigada de prestígio

como forma de devolver o prestígio perdido após os dois últimos posts, cito Karl Marx para mostrar erudição:
"The history of all hitherto existing society is the history of class struggles."

Karl Marx

a título de curiosidade

o post anterior foi mentalmente concebido quando eu estava sentado na sanita.

deve ser por isso que está uma merda.

contrapartidas

josé mourinho abandonou o chelsea por mútuo acordo com a direcção. no entanto, abramovich já fez saber a mourinho que este terá de comparecer numa conferência de imprensa onde irá declarar: "eu admito, não sou melhor treinador que um miúdo de dez anos."

sem título

tenho muitas ideias na cabeça e muita preguiça no corpo.

preparação

eu até gosto de fazer a barba. gosto daqueles dez minutos. até faço tudo com muito cuidado e rigor. é uma coisa que me dá um certo prazer.

o problema é demorar uns quinze dias a preparar-me para esse momento.

distâncias

tenho pena que vá uma grande distância entre o tamanho do meu porta-moedas e o tamanho dos meus desejos. melhores dias virão, diz-me o cliché.

deixar andar

na dúvida entre o fazer e o desfazer a barba, vou deixando estar como está.

procura-se:

sentido de responsabilidade desaparecido há anos, muitos anos. é gordo e nada vestia quando desapareceu. dá-se recompensa.

feitios

dizem que sou o cúmulo do mau feitio, nem para mim sou boa pessoa.

por outro lado

a minha reacção à abordagem feminina devia ser semelhante à abordagem de malucos: sorriso estúpido e olhar para o lado, desejando que a pessoa se vá embora e me poupe ao embaraço.

o mundo ao contrário

se houvesse tantas raparigas bonitas a meterem-se comigo na rua como malucos e bêbedos, eu podia ser uma pessoa bastante mais feliz.

dar voz ao povo

aqui também damos voz ao povo:
"eu sabia que ia haver porrada. logo hoje que estou indefeso, logo hoje que nem uma medicina tomei..."

falta de inteligência

comer uma banana quinze minutos depois de ter bebido um copo de coca-cola não é inteligente.

preguiçoso não anónimo

a preguiça é como a heroína. ter um trabalho para acabar e não o fazer era, ao princípio, um prazer desmedido. agora é doloroso. estou naquela fase em que eu próprio tento combater a preguiça e não consigo, por isso afirmo: preciso de ajuda.

fica para outro dia

ela não quis que eu esperasse cinco horas para bebermos um café. vou ali ver se compreendo, já volto.

dúvida

as bolhas de água dão jeito no deserto?

gostos

gosto de andar.

não gosto de andar depressa.

começos

começar o novo ano em que tenho de ser responsável e organizado, para conseguir fazer tudo o que quero fazer, com meia hora de atraso, bilhete para o autocarro em casa e sem tomar o pequeno almoço, é capaz de não ser a melhor forma de o começar. digo eu.

do amor e outros demónios

quando era miúdo tinha jeito para amores não correspondidos.

agora já não.

adenda ao post anterior

eu não vivo numa barraca. isto é um prédio normal.

a vizinhança é que não presta.

eu não tenho medo nenhum

nem de baratas, nem de osgas, nem de bicho nenhum. só os deixo para o meu pai matar, porque vejo que aquilo lhe dá gozo.

este ano é que é

vou ser um aluno aplicado. não vou faltar às aulas. não vou deixar os trabalhos para o último dia. não vou estudar só nas vésperas. vou ler os livros que tenho de ler. vou ter as notas que quero ter.

e depois nunca é.

pedido de ajuda a freud #2

como interpretar um sonho em que traio a minha namorada com ela mesma?

televisão

como é que sabemos que já é tempo de desligar a televisão no horário dos noticiários?
quando a nossa irmã de apenas oito anos, em tom de brincadeira, nos diz:
"cala-te pá! senão assassino-te e meto-te numa cave."

pedido de ajuda a freud

quando me deito a pensar em d. acabo a sonhar com m. quando me deito a pensar em m. acabo a sonhar com d. isto terá uma explicação ou estou apenas todo fodido?

anúncio

prestigiado canal televisivo procura comentador para jogos do Sport Lisboa e Benfica.
requisitos:
domínio perfeito da hipérbole.

beleza interior

com o objectivo de agradar ao velho cliché “procuro alguém com beleza interior” comprei uns boxeurs do mais bonito que há.

devia ser como no cinema

eu dizia ao meu irmão: este quarto é pequeno demais para nós os dois. e a coisa resolvia-se.

o génio

ontem à noite, já na cama, tive montes de ideias para escrever aqui. agora não me vem nem uma à cabeça. varreu-se-me tudo. só me lembro que eram todas geniais. sim, disso lembro-me bem.

fazes muito mais que o sol

só que, como o sol, não o fazes de livre vontade. fazes sem saber que o fazes. e eu contento-me em que sejas mais do que o sol sem saberes que o és.

mentira.

não me contento e isto é tudo uma merda.

o fim do princípio

deus é um astronauta. toda a gente sabe isso.